Depois das férias no Brasil, passei uns dias em casa em Barcelona, cuidando de assuntos vários e vendo os amigos, e no sábado fui para Londres. Era apenas uma primeira parada, de um só dia, antes de começar uma viagem pela Ásia e Oceania. Agora escrevo de Tóquio, onde cheguei na segunda-feira. Quem não me conhece pode estar se perguntando: "Pô, esse cara não trabalha?" Trabalho há mais de vinte anos, mas em 2008 estou me permitindo desfrutar de um ano sabático. O objetivo é ler muito, escrever muito e viajar bastante.
Devo reconhecer que o Japão nunca foi um país que tenha atraído muito a minha atenção. Claro que tudo que acontece aqui importa muito, sendo a segunda maior economia do planeta e sede de algumas das mais importantes companhias do mundo. Além do mais, muitas das modas que a cada três por quatro invadem as escolas de negócio e mudam o dia-a-dia das empresas foram primeiro criadas e implementadas por empresas japonesas. Sendo eu executivo, tudo isso me interessa há anos e tem um impacto direto sobre o meu trabalho. No entanto, minha vida profissional sempre esteve mais enfocada ao mundo ibero americano ou Europeu e profissionalmente o meu contato com o mundo Asiático sempre foi indireto. Do Japão o que mais ouvia era a queixa dos meus colegas quando tinham que vir a negócios para cá. Tóquio definitivamente não é um dos destinos mais apreciados entre os executivos internacionais.
A decisão de incluir o Japão nesta viagem foi o resultado de um impulso: o tipo de bilhete que comprei permitia incluir uma parada aqui a caminho da Nova Zelândia. Porque não fazê-lo? Foi assim que nasceu a idéia de vir arriscar-me sozinho em um país do qual sei muito pouco, onde não só não falo a língua como não tenho a menor possibilidade de ler nem uma palabra sequer em qualquer coisa coisa escrita que encontre pela frente. Enfim, um lugar onde sou um completo analfabeto. Claro que arriscar-me é um verbo inadequado, ao menos em comparação com o contexto latino americano: quem vai para uma grande cidade latino americana está arriscando seus bens e sua vida. Aqui, nem uma coisa nem outra, sendo o nível de criminalidade ridiculamente baixo e a sensação de segurança nas ruas uma companheira constante, a qualquer hora do dia ou da noite, em qualquer lugar.
Comecei a gostar da cidade logo ao desembarcar: o aeroporto de Narita é moderno, funcional e tranqüilo, o oposto do caos de Cumbica e tantos outros aeroportos pelaí. Tinha um ônibus que me levava direto do terminal onde desembarquei até a porta do meu hotel. Não é que tenha ficado em um hotel grande ou muito conhecido, é que há várias linhas neste estilo, que passam pelos principais hotéis de diferentes bairros. Mais fácil impossível! O trajeto do aeroporto ao centro de Tóquio durou uma hora e dez minutos, sem nenhum engarrafamento de trânsito. Fez-me pensar que agora que o Governo estuda a possibilidade de construir um novo aeroporto em São Paulo, a distância entre o novo local e o centro da cidade não precisa ser a variável fundamental. Se houver meios de transporte eficientes, a distância é secundária. Seguramente voltarei a este tema, porque sou defensor árduo de que fechem em menos de dez anos o aeroporto de Congonhas e o transformem num parque, mas isso também é tema para outra ocasião.
Estando aqui refleti muito sobre o tema da semana passada: o crescimento demasiado rápido de São Paulo e os problemas da cidade. A área metropolitana de Tóquio tem mais de vinte milhões de habitantes, sendo a primeira megalópoles do planeta. Isso porque inclui Yokohama, outro monstro de cidade. Mas Tóquio só tem um milhão a mais de habitantes que São Paulo. É verdade que a evolução demográfica foi totalmente distinta e eles não estavam permanentemente correndo atrás do prejuízo: em Tóquio já havia 7,3 milhões de pessoas em 1940 e em 1947, depois da Guerra, eram 4,2 milhões. Mas aqui o que se vê é que é possível construir uma cidade moderna, limpa, funcional, segura, com um trânsito bastante aceitável e onde vivam mais de dez milhões de habitantes. Claro que a diferença está na grana: o Japão é a segunda maior economia do mundo e dispor de dinheiro para investir ajuda muito.
Gostei muito da cidade e ela serviu para me fazer pensar no que São Paulo poderia ser um dia. Mas também tenho que admitir que, subindo ao alto de três pontos de observação, a Torre de Toquio, Roppongi Hills e o prédio da prefeitura em Shinjuku, o que se vê é desconcertante: uma aglomeração urbana que parece não ter fim. A foto ao lado dá apenas uma pálida idéia. Fica difícil não pensar que, por muito que tudo funcione bem, mesmo assim é gente demais num único espaço. Não sou ninguém para opinar se para os japoneses uma megalópoles é bom ou ruim, mas de coração sigo desejando que este não seja o futuro da cidade onde nasci, mesmo que um dia tudo funcione bem por lá também!
Devo reconhecer que o Japão nunca foi um país que tenha atraído muito a minha atenção. Claro que tudo que acontece aqui importa muito, sendo a segunda maior economia do planeta e sede de algumas das mais importantes companhias do mundo. Além do mais, muitas das modas que a cada três por quatro invadem as escolas de negócio e mudam o dia-a-dia das empresas foram primeiro criadas e implementadas por empresas japonesas. Sendo eu executivo, tudo isso me interessa há anos e tem um impacto direto sobre o meu trabalho. No entanto, minha vida profissional sempre esteve mais enfocada ao mundo ibero americano ou Europeu e profissionalmente o meu contato com o mundo Asiático sempre foi indireto. Do Japão o que mais ouvia era a queixa dos meus colegas quando tinham que vir a negócios para cá. Tóquio definitivamente não é um dos destinos mais apreciados entre os executivos internacionais.
A decisão de incluir o Japão nesta viagem foi o resultado de um impulso: o tipo de bilhete que comprei permitia incluir uma parada aqui a caminho da Nova Zelândia. Porque não fazê-lo? Foi assim que nasceu a idéia de vir arriscar-me sozinho em um país do qual sei muito pouco, onde não só não falo a língua como não tenho a menor possibilidade de ler nem uma palabra sequer em qualquer coisa coisa escrita que encontre pela frente. Enfim, um lugar onde sou um completo analfabeto. Claro que arriscar-me é um verbo inadequado, ao menos em comparação com o contexto latino americano: quem vai para uma grande cidade latino americana está arriscando seus bens e sua vida. Aqui, nem uma coisa nem outra, sendo o nível de criminalidade ridiculamente baixo e a sensação de segurança nas ruas uma companheira constante, a qualquer hora do dia ou da noite, em qualquer lugar.
Comecei a gostar da cidade logo ao desembarcar: o aeroporto de Narita é moderno, funcional e tranqüilo, o oposto do caos de Cumbica e tantos outros aeroportos pelaí. Tinha um ônibus que me levava direto do terminal onde desembarquei até a porta do meu hotel. Não é que tenha ficado em um hotel grande ou muito conhecido, é que há várias linhas neste estilo, que passam pelos principais hotéis de diferentes bairros. Mais fácil impossível! O trajeto do aeroporto ao centro de Tóquio durou uma hora e dez minutos, sem nenhum engarrafamento de trânsito. Fez-me pensar que agora que o Governo estuda a possibilidade de construir um novo aeroporto em São Paulo, a distância entre o novo local e o centro da cidade não precisa ser a variável fundamental. Se houver meios de transporte eficientes, a distância é secundária. Seguramente voltarei a este tema, porque sou defensor árduo de que fechem em menos de dez anos o aeroporto de Congonhas e o transformem num parque, mas isso também é tema para outra ocasião.
Estando aqui refleti muito sobre o tema da semana passada: o crescimento demasiado rápido de São Paulo e os problemas da cidade. A área metropolitana de Tóquio tem mais de vinte milhões de habitantes, sendo a primeira megalópoles do planeta. Isso porque inclui Yokohama, outro monstro de cidade. Mas Tóquio só tem um milhão a mais de habitantes que São Paulo. É verdade que a evolução demográfica foi totalmente distinta e eles não estavam permanentemente correndo atrás do prejuízo: em Tóquio já havia 7,3 milhões de pessoas em 1940 e em 1947, depois da Guerra, eram 4,2 milhões. Mas aqui o que se vê é que é possível construir uma cidade moderna, limpa, funcional, segura, com um trânsito bastante aceitável e onde vivam mais de dez milhões de habitantes. Claro que a diferença está na grana: o Japão é a segunda maior economia do mundo e dispor de dinheiro para investir ajuda muito.