2010 vai ser um ano bom. Mesmo que todo o resto desse errado, ainda assim é o último ano do governo Lula e é bom pensar que em Janeiro de 2011 já não teremos que aguentar o besteirol lulista. É verdade que pode acontecer o pior e Dilma ser eleita. Dilma é o Pitta do Lula. Tenho enormes esperanças de que ao contrário do ex-prefeito Maluf, Lula não consiga eleger sua sucessora. Mas não tenho dúvida de que, se eleita, ela faria um governo tão ruim quanto o de Pitta. Apesar de não ser santo de minha devoção, Lula ainda é muito melhor do que o PT e os petistas em geral. Não se pode dizer o mesmo de Dilma.
A segunda razão pela qual 2010 promete é porque haverá eleições. Não só para presidente, mas para o Congresso Nacional, governos e assembléias estaduais. Os deputados e senadores eleitos têm tanta importância quanto o próprio Presidente da República. Não vou dizer que não dá para os eleitores escolherem piores representantes que os atuais, porque sempre dá. Mas apesar de desconfiar da racionalidade do voto em geral, também tenho esperanças de que haja uma renovação do Congresso. "Não reeleja nenhum parlamentar" parece-me um ótimo tema de campanha. Seria fantástico se a cada eleição houvesse maior definição ideológica e partidária. Não sonho com o impossível, mas não estaria mal se déssemos pelo menos um passo adiante.
Outra excelente razão para esperar muito de 2010 é porque é ano de censo. Basta-nos pedir que o censo seja bem feito. É extremamente importante, pois o Brasil está no ponto de virada demográfica e a foto feita este ano será a base para o planejamento e as políticas da próxima década. Sou dos que acham que se houver surpresas, o mais provável é que descubramos que a transição demográfica está ocorrendo muito mais rápido do que se costuma admitir. Isso mudaria muito o perfil do país nas próximas duas a três décadas. Continuar implementando políticas com dados e projeções erradas, como é o caso dos que são contra as reformas da previdência social, pode ter um custo altíssimo em relativamente pouco tempo (20 a 30 anos). Que pelo menos não haja dúvida sobre o que já aconteceu e onde realmente estamos.
Por fim está a economia. O presidente Lula continua insistindo na bobagem de que o Brasil foi o último pais a entrar em recessão e o primeiro a sair. Também diz que a recessão aqui foi uma coisinha de nada. Então tá. O que dizer de países que nem entraram em recessão, como China, e Índia? Não são comparáveis com o Brasil? E a Polônia, Indonésia ou Egito? Houve mais países que não tiveram recessão em 2009, ou que saíram antes, como a Austrália. Como estou consultando o quadro publicado pelo "The Economist", minha amostra é restrita, mas suficiente para contestar a lorota oficial.
Até mais ou menos Agosto de 2008 tanto o governo como o mercado estimavam taxas de crescimento ao redor dos 5% em 2009. O país deve ter fechado o ano ao redor de zero. É uma diferença de 5% entre a previsão pré-crise e a realidade. Tal e como nos países mais afetados pela quebradeira mundial. O presidente só tem razão quando diz que o Brasil estava melhor preparado que outros países para fazer frente aos problemas. Mas se isso é verdade, porque a redução de crescimento foi da mesma dimensão que nos países pior preparados? Porque o crescimento do Brasil no governo Lula se deve tanto à boa condução interna da economia quanto ao excepcional crescimento mundial de 2003 a 2008. Essa é a evidência mais palpável de que o país surfou na onda da prosperidade mundial. O mérito é só parcialmente nosso (ou do Lula).
No futuro não vai ser mais assim. Talvez demore décadass para o mundo voltar a ter tanta prosperidade. Mas mesmo sendo cedo demais para dizer que a crise acabou, porque pode haver um revertério a qualquer momento, tanto o mundo como o Brasil voltarão a crescer em 2010. Francamente duvido que o Brasil alcance 5% de crescimento do PIB. Gostaria de saber como o mercado faz suas contas para chegar a este número, que me parece demasiado otimista. O número do governo, como sempre, é político. Não é uma crítica, quase todos os governos fazem igual. Só não entendo qual a lógica de criar expectativas tão altas, quando um crescimento de 3% já seria um bom resultado. Tudo que vier acima disso é lucro. Seja como for, seria muito improvável o país voltar a parar este ano, e é bom para todo mundo que haja crescimento, apesar de ser parcialmente graças a gastança de curto prazo.
Não queria terminar o primeiro post do ano sem antes dar uma idéia ao presidente Lula: se ele não sabe o que fazer depois que deixar o Planalto, sugiro que se candidate à Academia Brasileira de Letras. Lá ele se sentiria em casa. Também tenho certeza que muita gente se congratularia com a sua eleição. Pense nisso, presidente!
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
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