Tem dias que acordo com síndrome de Sebá. Gente da minha geração ainda se lembra do Jô Soares no papel do último exilado brasileiro em Paris, que toda semana ligava para sua amada Madalena, quem lhe contava as novidades do Patropi - ou será melhor dizer Bananão? Diante dos absurdos que Madá contava, Sebá chegava à conclusão que ela só poderia estar mentindo, teria arrumado um amante. "Amancebou-se, não quer que eu volte", era o mote do incrédulo Sebá. Nos tempos atuais, ao Jô não faltaria assunto para os telefonemas de Sebá.
Pois, quem te viu e quem te vê. Lula defendendo Sarney com unhas e dentes. Sarney, este grande democrata! Será que Lula se esqueceu que durante a ditadura Sarney era o presidente da ARENA, o partido dos militares? E se não bastasse este estranho amor, agora na tropa de choque do lulismo aparece um novo aliado: ninguém menos que o ex presidente que tem (ou tinha?) aquilo roxo. Dom Fernandinho. Lula tem um projeto político, que nem sequer é um projeto de país, e está disposto a vender a alma ao diabo com o fim de manter o poder. Está pressionando seu partido para fazer todas as alianças que forem necessárias com o intuito de eleger sua candidata à sucessão. Compatibilidade ideológica? Quem está interessado nisso?
Às vezes chego a ter pena de amigos petistas, gente do bem e idealista, que realmente sonhou com um país melhor e acreditou na balela de que os políticos do Partido dos Trabalhadores seriam anjos, gente desinteressada, abnegada e incorruptível. Essa gente tem passado por cada saia justa, que dá dó. Quer dizer que agora o PT não tem um nome para lançar como candidato a governador em São Paulo e portanto deve apoiar o Ciro Gomes, um político de fora do estado e totalmente alheio à sua política? O PT paulista não tem gente à altura? A que ponto chegamos - melhor dito, a que ponto chegaram!
No meio disso tudo chega a ser deprimente ver o papel que o partido da oposição ao regime militar tem desempenhado. Virou um partido sem programa, só com interesses pessoais. É o partido disposto a apoiar qualquer um que esteja no poder, com o fim único de garantir o seu. Virou a Geni da política brasileira, o partido que dá para qualquer um. O que não entendo é que ainda haja eleitores que votem nesta gente.
Todos os dias há denúncias de escândalos, desmandos, nepotismo. É bom que haja denúncias e nem sequer significa que haja mais malfeitoria - de entrada só quer dizer que há maior visibilidade no que está mal. O duro não são as denúncias, é a banalização do mal. É não querer que a CPI da Petrobrás funcione, como se uma CPI dessas fosse algo anti-patriótico. Quem disse que a Petrobrás e os seus dirigentes estão acima do bem e do mal? E quando vai haver uma explicação convincente para o recente afastamento da responsável pela Receita Federal? Nos jornais lê-se especulações que ela teria sido afastada porque quis fiscalizar a Petrobrás e outras grandes empresas com mais rigor. Um ano e pouco antes das eleições, não convinha fiscalizar as empresas que também serão os grandes doadores para a campanha eleitoral. Será esta a verdade?
O mais incrível é quem tenta explicar o inexplicável. De porque os escândalos no Senado não são nada, de porque a aliança com o PMDB é fundamental, porque Ciro Gomes é uma boa opção para São Paulo e um longo etcetera. Na época do mensalão nem a musa filósofa da esquerda brasileira teve vergonha de dizer as mais disparatadas asneiras para defender o indefensável. Até dizer que quando o Lula fala o mundo se ilumina ela disse. Merecidamente em certos círculos a companheira-filósofa foi rebatizada de Maria Emília, a segunda marquesa de Rabicó. Uma justa homenagem à personagem do Monteiro Lobato.
Cazuza foi um visionário quando cantou que "transformam o país inteiro num puteiro, porque assim se ganha mais dinheiro". É, há muitas piscinas cheias de ratos, muitas idéias que não correspondem aos fatos. Só nos resta esperar que os eleitores ponham todas estas damas e cavalheiros nos seus devidos lugares. Já o Sebá coitado, se ainda estiver vivo e em Paris, continuará dizendo:
"Amancebou-se!"
quinta-feira, 30 de julho de 2009
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