sexta-feira, 22 de abril de 2011

ASAMG - Latinoamericanas

Nesta semana foi inaugurada a 37ª edição da feira do livro em Buenos Aires. O escritor peruano e atual prêmio Nobel de literatura Mario Vargas Llosa foi convidado para fazer sua abertura. Então, um idiota menor cujo nome nem vale a pena citar e que se diz "intelectual" (afe!) protestou contra a escolha e sugeriu que o autor peruano fosse desconvidado. A polêmica estava servida. Foi preciso até a intervenção da presidente argentina para acalmar os ânimos. Foi encontrada uma "solução" conciliadora, segundo a qual Vargas Llosa continuaria a ser o orador principal da abertura da feira, mas a cerimônia de abertura foi dividida em dois dias e ele só pôde pronunciar seu discurso no segundo dia. Para cúmulo da vergonha, hoje li no jornal "El País" que o escritor peruano tem que andar com proteção nas ruas, senão pode ser atacado fisicamente!

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Porque Mario Vargas Llosa é tão odiado por esses ditos intelectuais? Porque é um liberal. Porque faz a defesa da liberdade acima de tudo, a começar pela liberdade de expressão, mas também a de ir e vir, a de eleger seus representantes políticos, a defesa da democracia, da pluralidade, da crítica, de ser de outra opinião. Como Vargas Llosa critica tudo que lhe parece errado, como o regime cubano, os desvarios do Átila venezuelano, as políticas dos Kirchners na Argentina e muitas outras vacas sagradas da esquerda carolina, ele é detestado pelos pouca-leitura. Às vezes chega a ser vítima de demonstrações de violência. Quanto a mim, entre um senhor que defende a liberdade e os que tentam calá-lo, não duvido nem um minuto sequer sobre quem tem a minha simpatia. Que vexame para a Argentina!

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Por sinal, na revista "The Economist" desta semana há um artigo preocupante sobre outro tipo de censura naquele país. O secretário de comércio Guillermo Moreno tirou do armário uma lei de 1983, promulgada pela ditadura militar, para tentar evitar que estatísticas não oficiais de inflação possam ser divulgadas. Desde 2007 o governo argentino aprovou uma mudança absurda no cálculo oficial da inflação, o calcanhar de Aquiles do mau governo dos Kirchner, primeiro o falecido marido e agora a esposa. Só com essa manipulação oficial o índice parece estar sob controle. Haverá eleições em Outubro e o descalabro da inflação real, calculada em 25% contra os 10% oficiais, pode ser um entrave para a reeleição de Cristina Fernández. O que fazer? Censurar a força todo cálculo que insinue que o rei (ou rainha) está nu.

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Espero que a moda não contagie o Brasil, que em meio ao dilema juros/cambio/inflação poderia também se inclinar ou por controles de preço ou por maquiagem do cálculo da inflação. Acredito que nós já superamos esses perigos e nossa sociedade não aceitaria esse tipo de picaretagem, but you never know...

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Ainda na América latina, o Peru, o país que mais cresceu nos últimos dez anos e que se perfilava como um dos candidatos a ser rico em algumas décadas, conseguiu a proeza de mandar para o segundo turno das eleições presidenciais os dois piores candidatos. Nesses momentos dá uma enorme tristeza, pois os tres melhores candidatos dividiram o voto entre si e ficaram de fora do segundo turno por pouco. Como era mesmo? Quem é burro pede a Deus que o mate e ao Diabo que o carregue!

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Last but not least, em Cuba foi realizado o congresso do partido comunista, com direito a visita surpresa de Fidel e tudo. Se perguntarmos a qualquer latino americano medianamente informado quantas pessoas desapareceram ou foram assassinadas pelas ditaduras chilena ou argentina, a resposta estará na ponta da língua: os números são sempre 20.000 ou 30.000, para qualquer dos dois países. Não saberia dizer qual é o correto, mas o que me chama a atenção é que ninguém saberia dizer quantas pessoas desaparecem ou foram executadas pelo regime cubano. Você sabe? Não é que o número seja desconhecido, é que ele não é repetido à saciedade como os números do Chile e Argentina. A patrulha ideológica que defende o paraíso cubano é capaz de tudo, até de negar que tenha havido execuções... Pois é, o velhinho decrépito que é o ídolo de tanta gente e que, por velhinho, poderia inspirar simpatia, na verdade foi um ditador dos piores e grande assassino. Nem vale a pena discutir as reformas aprovadas no tal congresso. O regime cubano, como qualquer outra ditadura, um dia se desmoronará e não sobrará pedra sobre pedra. Nesse dia também saberemos muitas verdades que ainda podem ser escondidas. Repito o que já escrevi uma vez aqui: quando isso acontecer mais de uma reputação ficará abalada.

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